manifesto cromático

cartier-bresson crê que cores são destrutivas em sua obra. motivo pelo qual foi levado a nunca fotografar com películas coloridas. este é um manifesto cromático, não menosprezando a obra do mestre bresson, mas causando uma controvérsia a sua postura monocromática.

sentimentos possíveis que estas imagens podem gerar, ressaltando que de modo semiótico, estas imagens cromáticas são completamente diversas das imagens monocromáticas de bresson. os sentimentos são, tão somente: repulsa, raiva, desprezo, vulgarização, e talvez o principal: perplexidade.

Transcrevo o o que foi dito no blog do itaú a respeito da empreitada:

"Desde que Ted Turner parou de colorizar filmes antigos – por motivos econômicos, é sempre bom lembrar – o debate a respeito desse procedimento aparentemente morreu. Mas o da apropriação de trabalhos alheios, não. Que o diga a fotógrafa e artista Sherrie Levine, mais conhecida por ter (re)fotografado as imagens realizadas por Edward Weston na época da Grande Depressão, assinando-as depois como suas (imagem abaixo). Sutilmente, "Cartier em Cores" reacende a discussão com fotos colorizadas de Henri Cartier-Bresson, simplesmente o ícone do P&B. Os projetos de "Cartier em Cores" e Levine são diferentes na aparência, mas similares na essência, se encararmos o procedimento não como apropriação, mas como complemento, co-autoria, colaboração, co-criação, co-(insira aqui a palavra desejada). Não há como não pensar em Platão nesse momento, que considerava toda a arte a imitação de uma imitação, um produto situado a três graus de separação da sua versão ideal. Se vivo fosse, Platão aumentaria um grau para esse tipo de produção. Hoje, as coisas estão mais calmas e, enquanto Levine se contenta em reencenar peças de Gertrude Stein, Woody Allen, o maior crítico da colorização de filmes, dorme mais tranqüilo. Mas o debate deve continuar. De todas as reações previstas por "Cartier em Cores" em seu blog, todas relacionadas a sentimentos de revolta, sente-se a ausência de apenas uma: “perplexidade”."

3 comentários:

Flávio Tonnetti disse...

Caro Felipe,

Muito impressionante como a cor gera outras narrativas. Principalmente quando aparecem pessoas. Também gostei muito da sombra roxa na foto com as casas. Pensei numa colorização outra, "menos real". Mais fantasiosa.

Flávio Tonnetti
www.ensino.blog.br

Unknown disse...

Muito interessante... Gostei da ousadia!

Decinho Monte Alegre disse...

Acho que isso descaracteriza o trabalho do grande Bresson, simplesmente uma vulgarização de estilo!
Tem que se respeitar o fato de que ele quando idealizou a foto, ele a idealizou P&B, a alma dele é P&B e a partir do momento que você tira isso, você transforma uma obra de arte em uma coisa vulgar! Ela é qualquer foto menos uma Cartier.

Pensemos ao contrario pegue um quadro de picasso e transforme-o em P&B, ele perde o glamour, quando isso acontece o quadro pode ser qualquer coisa, menos um Picasso.

Será que os que estão emitindo seus juízos por aqui fazem fotos em P&B?

Não sei não, mas quando eu faço fotos em P&B eu não raciocino em colorido, raciocino com contrastes, volumes, sombras, texturas, menos com cores. Quando eu fotografo em colorido, a cor é, irremediavelmente o que salta ao primeiro plano. Em um e em outro caso a dramaticidade da imagem está num lugar específico. Eles não são coincidentes.

Eu sinceramente não sei por que diarréia modista pós-moderna alguém teria tanto tesão por "traduzir" Cartier-Bresson para o colorido... Não faz sentido, a não ser como manifestação de autismo fotográfico.

Colocar uma foto dessas coloridas é retirar a alma da foto!!!